Nuno Moutinho

António Feio
“Apreciem cada momento, Agradeçam, Não deixem nada por dizer, Nada por fazer.”





Refúgio
segunda-feira, 27 de junho de 2011

   De voltas e voltas dadas com a minha vida, não me dei conta do sofrimento que trazia dentro de mim, infelizmente. As voltas que dava não eram grandes, porém eram muito notadas na minha forma de ser. Na minha confusão de ver as coisas, de ver o sentido que a vida me trazia. Porque de tudo que eu sentia, não sentia. Era estranho!
   Um dia, depois de notar que tudo na minha vida não era a minha vida, era apenas outra vida. Dei-me por entre facas que me trespassavam todo o meu corpo levando-me a um sofrimento sofredor e bastante angustiante. É estranho pensar ou saber que o 'eu' não é o 'eu', que simplesmente é outra coisa, não sabendo o quê, o porquê ou as respostas básicas de relacionamento social.
  Um ser confuso, admito. Um ser confuso por não saber o que quero. Por não saber a pessoa que sou.
  Em pequeno, não era muito social. Apenas era o meu ex-eu vazio. Brincava sozinho, ria sozinho, estava sozinho, vivia no meu mundinho sozinho. Embora tivesse um irmão, nada disso me iria fazer mudar de vida. Apenas era o eu-vazio. Nada nem ninguém me agradava,acreditem! Os brinquedos eram lixo para mim, é por isso que agora já na minha idade de adolescência dou por mim a ouvir que os brinquedos que tinha ficariam estragados à primeira semana ou ao primeiro dia. E porquê? Simplesmente porque vivia sempre sozinho, não tinha ninguém para estar, ou melhor, secalhar até tinha, o problema é que eu não me dava com ninguém.
  Em adolescente... bem, a a minha adolescência torna-se cada vez mais díficil de superar, estou completamente desorientado. Em primeiro lugar, o ínicio da puberdade. Odeio mesmo! Como uma fase tão bonita pode-se tornar num bicho de sete membros? É fenomenal. O aparecimento das borbulhas, o desenvolvimento do meu corpo torna-se muito stressante. Para não falar do meu baixo auto-estima por me ver magro, é frustrante.
  Em segundo lugar, o segundo maior problema: o amor. Porque é que um simples sentimento pode-se tornar tão complicado? Eu amo este sentimento, pode-se dizer que sim. Pode-se dizer que gosto bastante, mas agora? Tenho dúvidas e saudades permanentes a respeito disto. É complicado sentir-me amado por outra pessoa. Porque, como digo eu sou confuso. E não gosto nada, mas nada destas coisas que me deixam bem e mal.
  Agora, em terceiro lugar o outro meu problema: amizade. Eu gosto de gostar de alguém como amigo, gosto. Mas tenho dúvidas se alguém merece tanto carinho que eu dou. Este meu problema é reflexo do sentimento 'amor', porém não se podendo nem devendo misturar com este (a amizade) eu tento misturá-los. O que se torna dificil o relacionamento de amizade. Em contrapartida, a amizade é boa. É bom partilhar outras coisas diferentes emocionais com outras pessoas. Mas comigo? Os meus amigos são poucos posso até contá-los com uma mão que até devem e poderão sobrar. Porque eu não gosto particularmente de gente mesquinha, rasca, fútil, egocêntrica, egoísta, criança, canalha e sobretudo de gente mimada e sem carácter. Sim, porque eu odeio isso! E a partir de agora, comigo ou sem mim, essas pessoas para mim?
   - São lixo.
  Porque a revolta por mim derivada desta gente é tão grande que eu fiquei a odeiar um sorriso, uma lágrima que escorra, um simples 'olá' que fôsse dessas pessoas. E o diário?
   - É o meu refúgio a partir deste momento.